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Cobertura: Cartaz no Lollapalooza 2014.

 

Por: Gustavo Queiroz

 

 

Olá, queridos leitores do Cartaz Branco! Nesse texto pretendo contar como foi a experiência de ir ao festival Lollapalooza 2014, em São Paulo. Não irei me prender em resenhas de como foram os shows do evento, e sim, mostrar um pouco do que vi no primeiro dia de Lollapalooza (único dia em que fui), até porque creio que a maioria de vocês já leu algo sobre o festival ou viu alguma crítica sobre. Seria mais interessante escrever como foi o primeiro dia do evento, e em grande resumo de tudo: andei muito, andei demais.

Enfim, fui ao Lollapalooza para presenciar mais uma apresentação das minhas bandas favoritas, o Muse, que havia se apresentado seis meses antes no Rock In Rio (festival também comentado pelo Cartaz). Além de ver uma das minhas bandas favoritas, esperava contemplar algumas promessas desse Lolla e também conhecer mais bandas, afinal, essa é a proposta inicial dos festivais, a ampliação do seu universo musical. Nesse primeiro dia, nomes já bem estabelecidos se apresentariam como Imagine Dragons, Lorde, Nine Inch Nails e Julian Casablancas. Do outro lado, existiam bandas que estavam ascendendo no cenário mundial, como Capital Cities e Disclosure.

 

Chego ao Autódromo de Interlagos, onde aconteceram os shows, de trem, e até então estava tudo bem, pois fui cedo para fazer a retirada dos ingressos. O percurso da estação de trem até o primeiro portão do local tinha aproximadamente 800 metros. A partir daí foram apenas mais metros e quilômetros percorridos. Eu e meus amigos de festival circulamos os arredores do tal autódromo para descobrir onde era a bilheteria, em resumo, mais um quilômetro andado. Depois de tudo resolvido e de entrar nos portões do Lolla após duas horas de espera de fila, eis que vimos o grande inimigo do festival: a distância entre palcos. Para percorrer do palco principal (Palco Skol) até o Palco Onix (que eram próximos, inclusive) eram gastos 20 minutos de pura caminhada. Sem falar do Palco Interlagos que era o mais longínquo e estava do outro lado do autódromo, e abrigaria um dos shows mais esperados da noite, o da Lorde.

 

Enfim, primeiramente presenciei o show da banda Vespas Mandarinas, no Palco Skol. A banda de Chuck Hipolitho (ex-VJ da MTV e ex-Forgotten Boys) é muito boa e atendeu a todas as expectativas. Depois disso, eu e meus amigos vindos de Manaus fomos comer na tal Chef Stage, que era nada menos que uma tenda cheia de delicias vendidas pelo preço de até 21 reais. O bom era que nessa tenda havia comidas de todo tipo e preparadas por chefes da culinária, algo que contrastou com o antigo Lollapalooza no Jockey Club que vendia apenas sanduíche e hotdog de microondas. Ali foi um bom lugar para descansar e esperar até o show do Cage The Elephant.

 

Rumo ao palco Onix, vimos o número enorme de pessoas que estavam presentes no evento, e esse número só tendia a aumentar. Pegamos um bom lugar, bem na frente até, e esperamos a atração no meio do Sol escaldante que estava fazendo na hora. Um sol de dar inveja à Manaus. Meu pescoço até agora tem uma marca que o diferencia do resto de meu corpo. Começa o show e o vocalista Matt Shultz se entrega de uma forma que nenhum artista havia feito até então no festival. Dava até pena do seu corpo branquelo pegando aquele Sol fortíssimo. Shultz e banda executaram um show perfeito com vários hits da carreira. E no final ainda rolou a doidera/performance do vocalista do Cage. Para entender, veja esse vídeo:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Só nos restava esperar a próxima atração do Palco Onix, já que estávamos em um lugar privilegiado e grande parte dos meus amigos estavam querendo presenciar esse show o mais próximo possível. Tratava-se da banda Imagine Dragons que era de longe uma das atrações mais esperadas do festival, era possível ver muitas camisas estampadas com o nome da banda e grande parte do público aguardava pacientemente para ver a apresentação. O Imagine Dragons não decepcionou, seria até difícil decepcionar, uma banda com apenas um CD, um público daquele jeito e sucessos radiofônicos, não seria fácil de derrubar. Valeu a pena ouvir os sucessos It’s Time, Demons e Radioactive. A banda é realmente muito boa ao vivo. Destaque fortíssimo são os momentos percussivos que toda a banda participa.

 

Não vi alguns shows que esperava como o de Julian Casablancas e sua banda nova, e do Phoenix. Esse primeiro foi alvo de grandes críticas, portanto não me bateu o arrependimento. Porém, o show do Phoenix pelo contrário, recebeu apenas elogios, e eu pude escutar algumas músicas de longe, como o sucesso Lisztomania. Nesse momento foi perceptível o problema “distância” do festival, já que muitos saíram do show do Imagine Dragons diretamente para o show da Lorde e formaram um tumulto enorme de um lado até outro de Interlagos. Eram 80 mil pessoas migrando de um palco até outro, não podia dar outra coisa além de merda.

 

 

Meus amigos cansados ficaram esperando o show do Muse no palco Skol. Eu retornei sozinho ao palco Onix para ver uma das atrações que mais esperava do Lollapalooza, o Nine Inch Nails. Presenciei apenas quatro músicas, mas foram o suficiente para dizer que o show fora um dos melhores do festival. O NIN foi elétrico e ao mesmo tempo melancólico, e o público esperava isso, todos que estavam vendo a apresentação da banda pareciam contaminados pela alegria de ver um grande show de rock. A banda abriu com a épica Wish e no final tocou Hurt para terminar emocionando todos.

 

 

 

Retornei com minha caminhada de 20 minutos para o palco principal que aconteceria o show da banda mais aguardada da noite (pelo menos para mim), o Muse. Havia comentários de que o show seria fraco devido aos problemas na garganta do vocalista Matthew Bellamy. E quando começou, com a improvável canção New Born, logo foi percebido que o vocalista estava realmente mal com sua voz. O show foi se estendendo e logo se percebeu que Matt não alcançava as tão queridas notas agudas. Mas o Muse não decepcionou, a performance do trio deixou a voz de Bellamy em segundo plano, e músicas mais antigas da banda brindaram os fãs saudosistas que puderam ver ao vivo canções como Bliss e Butterflies and Hurricanes. Grande momento da noite foi a homenagem ao Kurt Cobain, do Nirvana, que havia falecido na mesma data, há 20 anos. O Muse então tocou Lithium que levou o Lollapalooza ao êxtase. O show foi grandioso para os fãs da banda, porém, aqueles que não conheciam muito da banda e esperavam os maiores sucessos, como Supermassive Black Hole, saíram decepcionados do show. Em resumo, o show do Muse foi lindo para uns, e decepcionante para outros. Eu em particular achei vibrante.

 

Uma das coisas ruins do festival Lollapalooza, além de toda essa distância, era o som dos palcos, que estava extremamente baixo para não conflitar com os outros. Na apresentação do Imagine Dragons, quem não estava perto do palco Onix, não conseguiu ouvir a voz do vocalista Dan Reynolds direito. E o show do Muse teve também o mesmo problema, só que com os instrumentos em geral. Parecia tudo muito baixo e abafado de longe.

 

 

Voltar para casa foi uma tarefa difícil. Voltamos de trem juntamente com 80 mil pessoas que queriam sair do local, daí você imagina a cena. Uma verdadeira procissão.

 

 

O balanço do Lollapalooza foi positivo, as atrações maquiaram alguns erros da nova organização do evento (Tickets For Fun), e o Chef Stage conseguiu também ser uma das coisas mais positivas do dia. As atrações do segundo dia de festival também eram ótimas, Jake Bugg fez um show grandioso para um garoto de 20 anos e o Arcade Fire fez uma das melhores apresentações de todo o Lolla. Queria mesmo ter ido para ver os shows da linda Ellie Goulding, do saudoso New Order e do épico Soundgarden, mas isso fica pra próxima.

 

O Lollapalooza terminou deixando saudades aos fãs das bandas que se apresentaram. Para mim, o evento foi bastante cansativo, mas valeu muito a pena. Ver Muse, NIN e Imagine Dragons na mesma noite foi incrível. E ano que vem tem mais, vamos ver se a produtora do evento consegue contornar os problemas desse ano e transformar o Autódromo de Interlagos a casa ideal para o Lollapalooza Brasil.

 

 

Veja Imagine Dragons tocando "It's Time" no Lollapalooza:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Veja uma gravação amadora do Muse tocando Lithium (já que a banda não autorizou a transmissão do show):

 

 

 

 

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