top of page
Pure Heroine (2013)
Lorde
 
Por Mateus Picanço
 
 

Eis que escrevo a primeira resenha de um disco de trabalho feminino. O finalzinho do louvável ano de 2013 trouxe uma nova perspectiva para mim quanto ao trabalho feminino no meio musical. Essa garota, em especial, presenteou-me com um disco que sempre ouço em momentos de angústia, alegria, reflexão e em qualquer outra manifestação relevante das minhas emoções.

Sinto-me bem ouvindo Pure Heroine, porque de Heroine a Lorde nada tem. Ela é uma garota comum, e o disco se trata justamente disso: das ordinariedades, dos desgostos de uma adolescente de 17 anos com suas dúvidas, do processo de auto-descobrimento que nós todos passamos em algum momento.

 

Eu diria que o ponto mais forte do Pure Heroine foi a sinceridade. Lorde não se perdeu no "manifesto pop" da ostentação, dos valores mundanos tão aclamados neste cenário: as festas e os amores.

 

O disco revira tudo que se tem de trivial para uma perspectiva um tanto madura do que cai em nossas costas sempre que temos dúvidas. O "não sei o que fazer", tratado como deve ser: obra de todo ser humano que já cruzou essa terra. Despojadamente, Lorde demonstra a sua própria opinião sobre a forma de viver, uma verdadeira personagem do próprio disco.

 

Esteticamente, o disco é bem simples. Os arranjos são poucos. Deu-se destaque à maravilhosa voz de Ella. O que acompanha tal aspecto é um minimalismo instrumental bem colocado. Pouca informação, poucas sobreposições, o simples e essencial para fazer brilhar as letras e voz da cantora. Muitas técnicas de vocalização, porém, são utilizadas para criar uma ambiência no disco, culminando num padrão relaxado e calmante na maior parte de sua extensão.

 

Quanto ao lirismo, essa garota está de parabéns. Letras bem escritas, com a coragem e sinceridade de quem ama sua música. As rimas de Royals, Buzzcut Season e White Teeth Teens surgem naturalmente, com uma fluidez impressionante. Lorde não necessitou de baixarias para preencher suas reflexões.

 

O que me chama uma atenção depreciativa, somente, trata-se da ordem das faixas. O disco começa mal, com a, na minha opinião, pior música do mesmo. Segue fraco até Royals, o ponto-chave essencial do trabalho de Lorde, e o que primeiro foi para as rádios. Segue bem por meio das baladas carregadas até um fim que deixa a desejar. Quem ouve a este trabalho pensa: "já acabou?".

 

Não houve uma conclusão digna para o Pure Heroine, algo que espero muito que seja corrigido ou ao menos considerado nos próximos albuns a mais nova artista pop destes tempos.

 

Pure Heroine marca a primeira resenha que trará uma avaliação numérica de minha parte. Numa escala de 0 a 100, o Pure Heroine marca, na minha singela opinião de músico e amante da arte sonora, um 87.

 

Para mim, definitivamente, um ótimo trabalho. Pure Heroine está na medida certa para acalmar meu estresse rotineiro, e me inspirar com suas rimas. Melhor canção? Ribs. Impressão? Um sorriso.

 

Sigo meus trabalhos com o prazer de ter escrito esta resenha.

 

Um grande abraço do autor, Mateus Picanco.

 

 

 

Escute o disco "Pure Heroine" completo:

 

 

Resenha:

Mateus Picanço é resenhista do Cartaz Branco. Tem 18 anos e pretende cursar Engenharia Acústica. É entusiasta da poesia e incipiente cronista. Além de participar de uma banda.

 

bottom of page