Lorenzo tem 17 anos e está concluindo o Ensino Médio. "Passo a maior parte do tempo lendo, pois é a única coisa que sossega as minhas ânsias. Passo grande parte do tempo escrevendo poemas."
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Contato: lorenzo_moreira@hotmail.com.br
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Lorenzo Fonseca - 17 anos
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Toda Quarta-feira seu texto no Cartaz Branco
Eu não condeno a solidão quimérica.
Identifico-me
com todas as primaveras adormecidas nos olhos cheios de esperanças.
Eu sinto um fremir entre meus dedos e percebo que não é medo,
mas uma ânsia que se espalha como
uma onda se esparrama na praia.
Tenho sempre este sorriso imóvel e estas expressões nada vívidas.
Minhas dúvidas se multiplicam e algo me engole. Eu viajo indefinível pelas arestas dos versos,
pelas arestas do tempo e da humanidade.
Eu já não prostro desespero na última canção de madrugada,
uma melodia que ecoa no meu vazio abismal.
É sempre um tom que me esfaqueia e tatua um absurdo na minha existência.
Acostumo-me com a interrogação,
já me exausta hesitar.
Engendro tudo aquilo que conheço por ter medo de novidades.
Eu vitrifico os momentos e os despedaço,
faço deles o meu pânico e eles pairam sobre mim como se fossem santos ou necessitassem
do meu aval de me relembrar todo o sofrimento,
grito como um vira-lata no uivo lascivo e dolorido
de um sacrifício,
eu encarno minhas dores como mantras,
eu sofro as catatonias dos instantes,
eu reconheço os homens como anonimadores dos amanhãs e das melancolias,
sou a minha própria melancolia e os analistas
me admiram por admitir,
os contrastes me dissipam e me transformam
no torpor vivo,
nas canções de luto que ecoam
nas rodas dos carros, no cimento, nos ouvidos
dos que se fazem alheios do mundo,
eu me unifico-
carne e destempos sem ânsias,
rastejo pela iniquidade dos meus pensamentos
e choro no ombro de desconhecidos
pois eles me lembram minha falecida mãe
que também praticamente desconhecia,
são esses momentos, minuciosos momentos
que eu descarto quando durmo
que me retomam todos os dias como
uma labuta a ser destroçada no pouco
do pouco.