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17 anos. Concluindo ensino médio e prestes a entrar para o ramo da medicina. Escritora nas horas vagas. Apaixonada pela música e pelos sentimentos que a mesma trás. A mente humana é o seu fascínio.



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Leia abaixo dois textos de Gabriela:

Gabriela Monteiro

MAR

 

Não sei quando as coisas começaram a mudar, mas sei que aconteceu. Era final de junho, o dia estava lindo e, pra completar, lá estava você. Estávamos em meio ao mar, quando me dei conta de que o barco havia furado. Entrei em pânico ao ver a água entrando, cada vez mais, e perceber que estávamos afundando. O que eu deveria fazer? O buraco era grande, não dava mais pra concertar! Os coletes salva-vidas tinham sumido e só nos restava uma única opção: Pular. 

 

E foi o que fizemos. Mas, pelo que estava por vir, eu não esperava. Eu não sabia nadar e você prometeu que iria me segurar. Você era o meu porto-seguro naquele momento... Só naquele momento. Você me abandonou ali, no meio do nada. Saiu nadando até a praia e foi embora. Não ficou, não me ajudou, não me levou com você, mesmo com as dificuldades. Só pegou o caminho mais fácil e mais curto pra seguir sua vida. Seria egoísmo pensar que fostes egoísta, pensar que só pensastes em ti, enquanto eu queria que também pensasse em mim? Eu fiquei lá, parada, tentando entender e lutando pra não afundar. Até o cansaço vir e eu desistir de te esperar. Decidi deixar o mar me levar. Era água por todos os lados. Eu engolia água, respirava água, ouvia água… Eu queria chorar, eu queria gritar, mas quando se está submerso isso é quase impossível de se fazer sem se afogar. Mesmo assim eu o fiz e me afoguei. Me afoguei, adormeci, entorpeci.

 

O mar tomou conta de mim e levou minha vida. Hoje sou só corpo e o resto é mar. Mar que deságua pelos meus olhos a cada lembrança tua. Mar que me salga pra impedir de azedar.

Como tua alma e teu coração, o corpo também irá padecer.

Sem amor e compaixão tu continuarás a viver.

Tuas feridas expostas ainda irão sangrar,

E mais uma vez ninguém irá se importar.

Teu sangue escorre e a lágrima cai,

Pelo ralo do banheiro mais um dia se esvai.

Teu mundo de faz de conta continua destruído,

E tudo o que te falam entra e sai pelo ouvido.

Incapaz de se manter, sem razão pra continuar,

Você pode até querer, mas não vai largar.

De pé tu vais estar pra mais uma vez enfrentar

O dia lá fora, que querendo ou não, sempre virá.

 

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Revisado por: Ayla Viana

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