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Nossa equipe de Colunistas tem seu espaço aqui nessa categoria do Cartaz Branco. As colunas serão publicadas em dias aleatórios, com aproximadamente duas por mês. 

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“We are infinite”
Livro: As Vantagens de Ser Invisível
 
Por Êrica Blanc
 
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Eu já tinha assistido ao filme umas duas vezes antes de ler o livro. Mas duas vezes em um intervalo bem longo entre uma e outra. E, estranhamente, durante a leitura do livro, senti muita vontade de assistir ao filme ao mesmo tempo. Porém não o fiz. 

 

O livro é contado por Charlie que narra seu dia-a-dia, durante um ano, em cartas para um amigo desconhecido para o leitor e pra ele também. O mesmo não quer se identificar com muitos detalhes, quer apenas compartilhar um pouco de sua vida com alguém, e você não faz ideia de onde ele é ou coisas simples como o nome de seus pais. É um personagem de quinze anos, que está iniciando o ensino médio, seu melhor amigo acabou de se matar e nem sequer deixou um bilhete de despedida. Charlie é tímido, solitário, doce, chorão e gasta boa parte do seu tempo lendo ou pensando. Tem muita vontade de “participar”, de ter amigos, de se divertir. Não demora muito para ele ser acolhido num grupo de amigos mais velhos. Dentre eles estão Patrick e Sam, que se tornam seus melhores amigos.

 

O narrador-personagem é algo positivo e ao mesmo tempo negativo. Positivo por que Charlie é um personagem confuso, complicado e você tem a chance de conhecê-lo melhor, de saber o que ele está passando ou sentindo com a situação. Já o ponto negativo é que tudo que você sabe sobre os outros personagens é o que Charlie conta. Particularmente gosto da narrativa dele, vai e volta nos assuntos. Talvez tenha sido por que me identifiquei, a forma como escrevo certas coisas é bem parecida.

 

 

Outro ponto forte do livro é que ele cita muitas músicas que ele gosta e livros que Bill, seu professor de inglês, vem lhe dando para ler. Gosto quando livros citam outros livros e músicas, por que parece que o autor ou até mesmo o próprio personagem esta te indicando coisas que ele gosta. A história se torna real, como se você estivesse conhecendo alguém de longe, que as vezes escuta as mesmas bandas que você. Adorei a escolha dos atores para cada personagem, já conhecia o trio principal de outros carnavais. Logan Lerman consegue passar bem a doçura e confusão interna do Charlie. Ezra é um ator sensacional e não imagino outro ator interpretando o descontraído Patrick. Já Emma Watson consegue passar o carisma da Sam, equilibrando a personalidade meiga com os momentos mais “sexy” da personagem. Mary Elizabeth e Candace (que nunca aparece o nome no livro, mas no filme deram esse nome para a irmã de Charlie) também foram bem escolhidas. Apesar de a irmã ter uma influência maior no livro. 

 

Terminei o livro numa madrugada e na noite desse mesmo dia assisti o filme pela terceira vez. Durante a leitura do livro eu ficava me perguntando coisas como: Uai, mas esse personagem tinha no filme? E isso não aconteceu em outro momento? 

 

Claro que já estou acostumada a assistir adaptações e sei como elas podem ser distorcidas, então paguei pra ver. Logo entendi por que não lembrava de algumas coisas, sendo que eu tinha visto o filme duas vezes e ele tinha passado tão “batido” por mim. Senti falta das narrações de Charlie, as cartas pareciam apenas enviadas a cada quatro ou cinco meses. Sendo que as cartas tem diferenças de dias no livro. O filme mistura uma série de conflitos dos outros personagens e esquece de dar atenção ao clímax do livro. Exemplo: Charlie toma muitas decisões no filme, se oferece para ajudar Sam com o seu problema nos estudos (coisa que nem existe nas páginas originais), ele tem atitude, mesmo que pouca. No livro, ele é completamente submisso a todos, faz o que todos precisam para se sentir bem e se deixa muito de lado. Coisa que faz ele e Sam terem um diálogo muito importante pro fim do livro. Diálogo em que a menina dá um choque de realidade nele, no filme, as frases dela saíram da boca dele, de uma maneira menos impactante. Era só Charlie reconhecendo quem ele era. O personagem principal perdeu totalmente sua “essência” no filme, que fez a história não passar de mais um filminho adolescente mal adaptado. 

 

Algumas cenas importantes foram cortadas do roteiro, outras foram embaralhadas e modificadas. Achei que pecaram no exagero do bulling que ele sofre na escola, não é bem assim. É mais aquela coisa de olharem feio pra ele e não exatamente dizer isso ou xinga-lo. Deixaram a desejar na amizade dele com o Bill. O mesmo influencia Charlie durante todo o ano através de livros e trabalhos extras curriculares. No filme ficou muito superficial. Apesar de tudo, das cenas terem sofrido alterações ou temas importantes não terem sido levados em conta, os atores são bons e deram realidade para o universo. E então eu descobri que o roteirista e diretor do filme é o autor do livro. E estou, além de decepcionada, me perguntando por que ele mudou fez o Charlie perder sua essência.   

 

O filme é bom da sua maneira, mas não chega nem perto de fixar na mente de alguém. 

 

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