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Literatura:

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Carolina Guimarães
 

 

Estudante. 18 anos e amante de Aviação Civil. Sobre a literatura ela afirma que escreve quando lhe convém, seja para matar o tempo, porque está entediada ou simplesmente porque precisa. 

 

 

E-mail: carolinaguimaraes95@gmail.com

Suspiros e saudades

 

Que saudades eu tenho dos tempos em que você vestia aquela camiseta branca para me encontrar. Se você soubesse o quanto eu odeio aquela camisa, jamais a vestiria. Apesar de odiá-la, eu sempre quis ser aquele punhado de algodão com letras garrafais em vermelho costuradas na parte anterior, anunciando, berrante demais para mim, o nome da marca. Estar quase sempre envolta em seu corpo, sem parecer obscena, sentindo o calor irradiar da sua pele, deixando o cheiro do seu perfume natural misturado ao que borrifas em ti. Apesar de odiá-la, eu adorava quando você a vestia, porque sabia que depois eu a arrancaria e jogaria no chão, de encontro ao meu vestido verde que sempre disse ficava lindo em mim - mesmo que você odeie verde. Eu vestia as roupas que você não gostava, e você vestia as roupas que eu não gostava. Inconscientemente tornávamos o prazer de despir um ao outro muito maior por simplesmente vestir uma camisa branca e um vestido verde. Eu a desgrudava do seu corpo com violência de propósito, é claro, para mim, era inadmissível que aquela maldita peça passasse mais tempo em você do que eu, já que seu corpo pertencia a mim. Seu corpo ridiculamente magro costumava ser meu. E o meu, levemente curvado, ainda é seu. Todo seu. Ele ainda chora por você, chama por você, quer você. Ele ainda precisa dos seus lábios úmidos, suas mãos quentes e ásperas, seus dedos magros e esguios passeando por ele inteiro, despreocupados, sem rumo, somente querendo saciar meu desejo insaciável de você.  Passaram dias, horas, meses, e ele ainda não teve de volta o que mais precisa. Antes nunca tivesse sido seu. Antes eu nunca tivesse me dado a você. Preciso que minhas pernas travem uma batalha com as suas novamente, nem que seja uma só - a última. Preciso ver suas costas marcadas pelas minhas unhas. Preciso ouvir sua voz rouca fazendo juras loucas ao pé dos meus ouvidos. Preciso deitar ao seu lado, só deitar, durante uma noite inteira, e pela manhã poder olhar nos seus olhos e ter a certeza de que não estava sonhando. Preciso fazer um último contato visual com você, daqueles que costumávamos ter, magnéticos, que faziam o mundo inteiro parar e esvaziar-se, restando somente nós dois, que tornavam as palavras desnecessárias e até estúpidas. Preciso saber que você sente muito por tudo que houve e preciso que me diga que aquele adeus mudo fora apenas um "até logo". Preciso saber que tudo vai ficar bem e nós vamos nos ajeitar. Preciso de você. Espero por você.

 

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